Na quadra do centro esportivo foi criada, na margem sul do córrego, uma área de espraiamento, graduada em dois níveis. Esta é uma ferramenta de controle do volume de água em épocas de cheia. Nesta margem é possível o plantio de gramíneas e árvores que resistam ao alagamento, e que, em épocas de seca sejam mais elementos de recuperação da vegetação ciliar.
A entrada nesta quadra ganhou uma configuração especial por se tratar de uma nova via pietonal que alonga a rua comercial, com a finalidade de ser um apoio às estruturas do centro esportivo e que seja um local de uso permanente, ou seja, que mantenha a área utilizada e observada também durante a noite.
As imagens mostram um exemplo de intervenção pontual e pouco agressiva: a atual entrada do centro esportivo não possui uma demarcação do acesso e é, tampouco, sedutora. Neste caso foi projetada uma área que incorpora o ambiente da calçada que atravessa o rio e o eixo comercial perpendicular. Foi feito um espaço de estar sombreado por um pergolado de madeira e pela arborização. É neste momento que se abre o enquadramento do rio por duas arestas de guarda-corpo, convidando o pedestre a se aproximar da margem e entrar no centro esportivo.
A pérgola em madeira ambienta a esquina como área de estar e momento de transição entre a rua e o parque. A nova disposição dos guarda-corpos provoca curiosidade no passante e abre a visualidade do rio em uma nova perspectiva.
A Entrada das Águas foi projetada com uma série de equipamentos aquáticos interativos, conhecidos como “sprinklers”. A umidade diante do calor da região e o seu aspecto lúdico são qualidades que seduzem o passante à entrada no parque.
Na segunda quadra do parque, o espaçamento entre as árvores é configurado de modo a permitir o crescimento de gramíneas e desenhar um agradável bosque entremeado por áreas de luz. A distribuição das árvores e arbustos foi feita com o intuito de favorecer aos passeios, sombreando a maior parte dos percursos, mas também deixando trechos insolados onde flores e arbustos crescem e colorem o caminho, estimulam a visão, o olfato, e atraem borboletas e insetos.
Onde o terreno é mais alto foi projetada uma arquibancada e auditório ao ar livre - acomodados na topografia - com concha acústica para a realização de eventos culturais em geral como shows musicais, de dança ou peças de teatro. Como parte do projeto, estende-se um platô e um edifício de apoio ao auditório onde podem-se instalar pequenos comércios temporários destinados a atender ao público participante dos eventos. O edifício conta também com estrutura para a realização de eventos internos, como festas, reuniões e congressos. Mesmo tendo a sua implantação no meio do parque, há a possibilidade de isolamento da área para a realização de eventos privados. Desta maneira, pode-se ter um equipamento público que, eventualmente, pode ser alugado. A verba levantada seria então revertida para a manutenção do próprio parque. O isolamento é feito por um muro curvo que corta o parque, e por grandes portões que se mantêm abertos durante o dia. À noite, se não houver eventos sendo realizados, a área pode ficar fechada por questões de segurança já que é uma área consideravelmente grande e pouco observada por quem passa pelas ruas.
Ainda nesta área, o platô foi incorporado à rampa de skate e roller, e as circulações (em rampa e escada) foram aproximadas para permitir a sua apropriação pelos esportistas como mais um espaço de improviso de manobras.
Aproveitando a parede do fundo da concha, instala-se um pequeno palco em uma praça circular, destinado a realização de atividades em grupo como aulas de yoga, leitura de histórias, e pequenas apresentações que possam ser vistas por quem passeia pelo parque.
Nas quadras centrais do parque as margens do córrego são mais estreitas. Devido à proximidade das ruas e ao terreno mais baixo, é nesta região que, frequentemente, ocorrem alagamentos. Nesta área, além da necessária desapropriação das residências irregulares, a proposta é aumentar a área permeável e criar pequenas áreas de espraiamento do córrego como mais uma forma de prevenção de enchentes. Como instalações foram inseridos um grande deck de madeira (que não interfere na área permeável da margem), e um bicicletário sob pérgola, também em madeira.
A Praça da Capela foi projetada com o intuito de criar uma nova percepção do espaço. A esplanada em frente à capela favorece a sua visibilidade e, de certa forma, amplia sua área útil. Pode ser apropriada pelos fiéis como mais um espaço de reflexão e introspecção, ou até mesmo como palco de eventos (religiosos ou não). Os chafarizes, bancos e pergolado ambientam e qualificam a pequena praça. Sua configuração linear direciona o olhar do pedestre e enquadra a Igreja Matriz na paisagem, localizada no fim da rua Coronel Furquim.
Na área Sudeste do parque, fica estabelecida uma vegetação mais densa que recupera um espaço de apropriação da natureza. Reserva-se a área para um pequeno bosque no entroncamento dos córregos, com muito sombreamento e troncos marcantes que comprimem visualmente os espaços sob o maciço das copas. Os percursos por ali são mais estreitos e individuais, e geralmente terminam próximos à margem do rio, em pequenos e tranquilos espaços de estar variados. Ora existem bancos sob as árvores, ora decks de madeira ou degraus, propícios para uma eventual pescaria ou simples contemplação do córrego, de seu barulho de água corrente e aroma característicos.